convocação peritos aposentados para ajudar a reduzir as filas do INSS deverá ter repercussão pontual, especialmente em municípios do interior do país.

A avaliação é do presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos (AMNP), Francisco Cardoso. Ele lembrou que a perícia nos centros urbanos tem o melhor desempenho em muitos anos. Ainda de acordo com ele, hoje a espera média está em 11 dias. No Rio de Janeiro, por exemplo, o tempo médio é de dez dias. Em 2015, a média passava de 60 dias. 

No interior do pais, no entanto, o quadro ainda hoje é crítico. Há locais onde espera ultrapassa 45 dias, como em Vilhena (RO) e em cidades do Oeste de Santa Catarina, como Chapecó. Em outras localidades, não há oferta de médicos peritos em agências da Previdência Social. Este é o caso da cidade gaúcha de Lagoa Vermelha, onde morava o segurado Renato Gentil, de 59 anos. Ele morreu no mês passado à espera de atendimento para receber um auxílio-doença numa agência de Passo Fundo, a 100 quilômetros de distância de sua residência.

— A gente sabe que está faltando perito no interior do país, mas o impacto (da convocação) na fila nacional será restrito. O déficit de profissionais, hoje, é de dois mil cargos vazios na carreira da perícia. Em algumas localidades específicas, há necessidade deslocamento da população por falta de peritos. Não somos contra a convocação de aposentados. É melhor eles do que gente inexperiente que só vai piorar a situação — afirmou Cardoso: — A gente pede concurso porque a convocação emergencial é uma medida paliativa.

BPC/Loas e benefício por invalidez

Ao convocar peritos aposentados da Previdência Social, o governo tenta resolver o atendimento de uma parcela frágil dos beneficiários que dependem de Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), como pessoas com deficiência e aposentados por invalidez.

Os peritos estão vinculados à Secretaria de Previdência do Ministério da Economia e, portanto, não estão incluídos no grupo de aposentados civis, ligados ao INSS, que o governo já anunciou que pretende convocar.

O presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos (AMNP), Francisco Cardoso, afirmou que a categoria aguarda a publicação de uma medida provisória (MP) e do edital de convocação dos peritos para saber quais são as cidades onde há a maior demanda por médicos, além das condições e da remuneração proposta para o retorno dos profissionais. A medida deve incluir também a convocação de militares.

Atraso

O governo estima uma fila de dois milhões de pedidos de aposentadorias e outros benefícios previdenciários: 1,5 milhão estão parados por falha no sistema e 500 mil estão à espera de documentos que dependem dos segurados.

Contribuíram para o quadro o número reduzido de funcionários do INSS e a reforma da Previdência, que entrou em vigor em novembro, levando a uma corrida por pedidos de aposentadoria. Além disso, houve represamento de pedidos no sistema, que ainda não foi adaptado para as novas regras de concessão de benefícios. Por Mix Vale