Quase 650 mil pessoas com 65 anos de idade ou mais trabalham em empregos formais no país.
Geraldo Serenário tem 80 anos e trabalha desde os 77 como auxiliar de operações no Prezunic, após muita busca por uma oportunidade - Agência O DIA
Rio - Para muitos, a terceira idade é sinônimo de descanso, mas tem uma turma que não está pensando em sossego, mesmo com idade para se aposentar. Segundo os últimos dados da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, o número de pessoas com 65 anos ou mais em vagas com carteira assinada aumentou, saltando de 484 mil em 2013 para 649,4 mil em 2017. Apesar do resultado positivo, muitos trabalhadores dessa faixa etária ainda relatam dificuldades em voltar para o mercado de trabalho.
Geraldo Serenário, de 80 anos, passou por essa situação. "Quando eu ia deixar o currículo, pedia logo para a pessoa abrir o jogo e dizer se havia algum problema em relação a minha idade. Eles acabavam reconhecendo que não contratavam idosos", conta Geraldo. Porém, Geraldo não desistiu e foi contratado aos 77 anos como auxiliar de operações no Prezunic. "O trabalho me faz sentir vivo e útil", afirma.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os idosos já são mais de 20 milhões no Brasil - uma população que deve dobrar em 25 anos. Por isso, de acordo com Henrique Noya, diretor-executivo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, com o crescimento da população idosa e, consequentemente, a mudança da demografia, o mercado de trabalho precisa acompanhar essa transição.
"Com a crise econômica, que afetou profundamente o Estado do Rio, a gente vê pessoas acima de 65 anos procurando emprego de carteira assinada. Mas o que acontece é que a maioria não consegue e migra para a informalidade", explica.
Essa população começa a aparecer nas estatísticas de pessoas em busca de emprego, representando 4,8% dos desempregados de acordo com o levantamento feito em agosto pelo IBGE. Muitos reingressaram no mercado de trabalho para sustentar a família e ter uma renda a mais dentro de casa.
Foi o caso da atendente de caixa Silvana Mara Sampaio, que precisou complementar as finanças em casa e recuperar a auto estima depois de perder o emprego. Silvana relata que "além da necessidade emocional, também existia a necessidade financeira. Nosso custo aumenta quando envelhecemos: remédios, plano de saúde".
Por conta disso, Noya afirma que precisa existir um elo entre estado, empresa e o próprio trabalhador para que essas pessoas sejam inseridas no mercado.
Mas para além dessa necessidade, representantes das empresas que já adotam políticas para empregar a terceira idade expõem os benefícios de contratar essa mão de obra. "Geralmente são muito comprometidos, responsáveis, além de exemplos de inspiração e motivação para os mais jovens", destaca Alessandra Mamede, coordenadora de RH do Supermercados Mundial.
EMPRESAS TÊM INICIATIVAS PARA CONTRATAR A TERCEIRA IDADE
Na contramão do desemprego, a rede de supermercados SuperPrix criou um programa especial - o "Ativa Idade" para a "turma da melhor idade" e está contratando pessoas da terceira idade para trabalhar. Basta deixar o currículo em uma das lojas ou encaminhar para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Já o Mundial apresenta ao público "Todo mundo no mercado". Os candidatos devem ter mais de 60 anos, ensino fundamental completo e disponibilidade para trabalhar até às 23h. É preciso entregar os currículos em cada RH dos supermercados. O programa é aberto o ano todo.
Candidatos com mais de 50 anos que queiram trabalhar no Prezunic podem cadastrar seus currículos no Banco de Dados da empresa, pela internet, no endereço www.vagas.com.br/cencosudbrasil.
A BFFC, empresa controladora do Bob's, tem em todo o país o Programa Melhor Idade, que contrata pessoas com mais de 45 anos. Para se candidatar, entre em contato em Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
*Estagiária sob supervisão de Max Leone. Colaborou Marina Cardoso.