Folha SP - Relatório deve ser apresentado oficialmente nesta quinta-feira (13) na comissão especial.

Líderes partidários da oposição criticaram a reunião realizada por partidos favoráveis à reforma da Previdência para a imprensa nesta quarta-feira (12) e anunciaram que obstruirão a votação na comissão.

"Foi anunciado uma data de votação que não existe. Nós não vamos votar nesta data, em 25 de junho", afirmou a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PC do B-RJ).

O relatório deve ser apresentado oficialmente nesta quinta-feira (13) na comissão especial.

Havia a expectativa de que a oposição não usasse instrumentos regimentais para atrapalhar o andamento da votação, já que foi firmado acordo de procedimentos para que todos os deputados inscritos possam debater, sem que o governo apresente um requerimento de encerramento de discussão.

Com o anúncio de obstrução, é possível que os termos sejam revistos.

Parlamentares do PT, PC do B, PSOL e PDT entraram na reunião que estava sendo conduzida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pelo líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e disseram ter sido surpreendidos.

"Quem não participou desse acordo vai poder ter a palavra também?", questionou o líder do PDT, André Figueiredo (CE), antes da fala do relator.

"A casa não tem o centro e o governo apenas", afirmou Feghali.

Os deputados questionaram a presença de Maia e do presidente da comissão, Marcelo Ramos (PL-AM), e disseram que o relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), havia evitado discutir pontos do relatório com os oposicionistas.

A presença dos deputados iniciou um bate-boca na reunião. "Abaixe o dedo você", disse para Sâmia Bonfim (PSOL-SP) o deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE).

"É uma vergonha o que aconteceu, nós estamos em protesto na reunião e nós vamos obstruir", afirmou a líder da minoria depois do encontro.

Os líderes do centrão argumentam que a reunião se tratava de um encontro dos partidos que assinaram carta em março apoiando a reforma desde que as mudanças na aposentadoria rural e no BPC (benefício pago a idosos miseráveis) fossem retirados.

Na prática, Moreira anunciou algumas das principais mudanças feitas em seu relatório, como a alteração de idade mínima de professoras para 57 anos.

O presidente da comissão se defendeu das críticas afirmando ter participado de reunião com membros da oposição separadamente. "Eles não estranharam a minha presença lá, como não há motivos para estranhar agora", afirmou.