RIO - A reforma da Previdência passou pela última etapa de votação na semana passada, faltando agora apenas ser promulgada para entrar em vigor. Com isso, muitas pessoas se deram conta de que chegaram aos 50 anos sem planejar uma complementação à aposentadoria do INSS - e, com a mudança nas regras, conseguir o teto (R$ 5.839,45) se tornou quase impossível. Como construir uma reserva financeira em tão pouco tempo?
Entenda: Tire suas dúvidas sobre as mudanças na Previdência
- Muita gente se assusta, mas, às vezes, a pessoa tem uma poupança que está fora de ativos financeiros, como o saldo do FGTS e um segundo imóvel. No entanto, às vezes as contas mostram que o padrão de vida precisa diminuir, ou que a data da aposentaria precisa ser adiada - diz Martin Iglesias, especialista em investimentos do Itaú Unibanco.
O terceiro passo é obter uma rentabilidade suficiente para que os recursos atinjam o valor desejado no tempo estipulado. O que tem sido cada vez mais difícil com a queda de juros. A taxa básica (Selic) está hoje em 5,5% ao ano, e a expectativa dos analistas de mercado é que encerre 2019 em 4,5%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central, divulgado há uma semana.
- Há pouco tempo, era possível conseguir a rentabilidade real (descontada a inflação) de 3% na renda fixa, sem correr riscos. Hoje é mais difícil. Por isso, recomendamos um portfólio diversificado de renda variável até mesmo para o perfil conservador, mas com um percentual pequeno - explica Iglesias.
- Fundos de previdência têm um incentivo fiscal interessante depois de dez anos, e hoje há muitas gestoras independentes com rendimento igual aos melhores fundos do mercado. Além disso, é possível pedir a opção de renda (em vez do resgate total) - diz Letícia Camargo, planejadora financeira da Planejar.
- Escolhi um fundo de previdência que cobre até sete meses sem trabalho por motivo de doença, porque pretendo trabalhar até mais tarde. Mas meu maior medo é não ser possível. Por enquanto, estou satisfeita com o retorno.
A estratégia mais recomendada pelos consultores, no entanto, é ter uma carteira diversificada, com fundos de previdência e outros investimentos que tragam mais flexibilidade e rentabilidade. Estes incluem fundos multimercados, de ações, de debêntures incentivadas (títulos de dívida com isenção de imposto) e imobiliários. O que os especialistas enfatizam é que o investidor precisa manter seu perfil de risco ou entender muito bem os riscos que está assumindo.
Mauro Calil
- É preciso muito cuidado. As pessoas nessa situação podem ver que precisam de uma rentabilidade muito alta para alcançar os seus objetivos e se iludirem com promessas milagrosas. Nessa fase, já não dá mais para errar - afirma Valter Police, diretor de Planejamento Financeiro da Fiduc, fintech de planejamento financeiro e gestão patrimonial.
O analista de sistemas Claudio Barizon, de 48 anos, resolveu assumir maior risco ao trocar um fundo de previdência por opções mais rentáveis:
Em sete pontos : Entenda como a Reforma da Previdência vai mudar as regras da aposentadoria
- Não dá mais tempo de ser conservador aos 50 anos. É preciso sair da renda fixa. Fazendo investimento com ajuda profissional se tem uma carteira de fato diversificada, o que dilui muito os riscos. Por O Globo