Segundo Rodrigo Maia, 'todo cidadão quer saber se (os militares) serão privilegiados ou não'
O Globo - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), firmou um acordo nesta segunda-feira com líderes de partidos condicionando a votação inicial da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ao envio da proposta referente à mudança na aposentaria dos militares. O colegiado, por acordo, será instalado na quarta-feira. Seu primeiro passo é votar a admissibilidade do texto.
— Pelo princípio da igualdade e da equidade, todo cidadão quer saber se (os militares) serão privilegiados ou não. Então essa foi a decisão tomada hoje nesse colégio de líderes. E vai ser procedido dessa forma — disse o líder do PSL, Delegado Waldir, após a reunião na residência oficial de Maia.
O representante do partido do governo não confirmou a nomeação do deputado Felipe Francischini (PSL-PR) para a presidência da CCJ. Embora a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), e a deputada Bia Kicis (PSL-DF) tenham confirmado a indicação, Waldir disse que é preciso aguardar. Ele diz que há a possibilidade de uma candidatura avulsa dentro do seu próprio partido ser lançada.
Líder do PPS, Daniel Coelho (PE) afirmou que a principal comissão da Câmara vai iniciar os trabalhos mesmo se o governo não enviar a proposta dos militares. Mas o assunto não será votado se o texto das Forças Armadas não chegar.
— Foi feita a cobrança para o governo porque a proposta está atrasada, mas não é motivo para a CCJ não estar funcionando. Não dá para a gente parar a Casa. E hoje nós falamos sobre outros assuntos, como comissão especial para PPPs (Parcerias Público-Privadas) e questão do foro privilegiado.
Antes da reunião, o líder do PRB, Jhonatan de Jesus (RR), criticou a articulação do governo e cobrou uma definição para pontos polêmicos.
— Queremos que o parlamento seja ouvido pelo governo, o que não está acontecendo — disse ele, que acrescentou:- Se começasse a votar agora, votaria contra. O governo não tem uma definição, diz que há gordura para cortar na proposta, mas não há diálogo.
Já o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), criticou a proposta do ministro Paulo Guedes (Economia) para o pacto federativo, que prevê a desvinculação do Orçamento, o que beneficia União, estados e municípios. Segundo ele, caso isso ocorra, haverá uma diminuição no investimento em saúde e educação.
— É uma tentativa de compra de votos da Câmara em troca da liberação de verbas para municípios — disse Molon.
Ele também criticou o fato de a reforma dos militares ainda não ter sido enviada pelo governo.
— O presidente diz que todos deveríamos fazer um sacrifício, mas não diz qual é esse sacrifício (dos militares).